terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Alguém

pode ter a gentileza de avisar o Pai, do Trabalho de Casa, que não consigo comentar no blog dele há uma data de tempo? O comentário fica feito aqui.


Olá Pai. Também faço dessas "listas", mas dispersas... Um aqui, outro ali. Olhe eu não gosto do que já escrevi no meu post anterior. Não gosto que ele meta os dedos nos olhos das pessoas, que também salte em cima do sofá, que caia a toda a hora, que, tal como o seu, coma qualquer porcaria do chão e que tente comer a banana com casca. Não gosto quando insiste em barrar os bonecos com os boiões da fruta que despeja em cima da mesa e não gosto quando se põe a mexer no cabelo com o olhar no vazio. E, mais do que isso, detesto quando faz força nos braços para estremecer, com um esgar algo assustador. Noutro dia até lhe atirei um chinelo para o tirar do transe. Também não gosto que rejeite comer o que quer que seja e depois se alambaze de chocolate. Quando fazemos a lista do que gostamos? E explique-me, se quiser, o que quer dizer com a parte da estimulação oral? A fala? É que por aqui a estimulação tem feito milagres. O que o Pai não gosta, de certeza, é de não ver resultados imediatos. A pergunta é pura, porque não percebi mesmo o que quis dizer. Mas não desista ainda. Vai ser num clique quando menos se esperar. Não tem havido evolução nesse campo? Deixe-me dizer-lhe ainda que tenho vindo ao seu blog e também pensei na operação do seu menino. Mas, desde há uns tempos, dá erro ao comentar. Beijinho grande

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Conquistas e não só

Aprendeu as maravilhas do sim e do não. Finalmente percebeu que as duas palavrinhas mágicas lhe dão autonomia e alternativas. Queres pão? Não! Queres iogurte? Sim! Dás um beijo à mana? Não! São conquistas. As frases limitam-se por agora a duas palavras, mas sempre que se vê em apuros tenta dizer tudo, atropela palavras e não lhe sai uma perceptível. Mas tenta, pelo menos. Já nos chama pelos nomes e tem plena noção da sua individualidade. Sabe que é ele no espelho e nas fotos, assim como a restante família. Dos desajustes: bate à porta "truz, truz" e é ele a perguntar quem é. Aqui há dias no parque infantil, estava ele e um menino naqueles mini túneis espelhados e, olhou o outro miúdo, sorriu e... tentou sentar-se em cima dele. Também é costume empurrar carinhosamente os outros e meter-lhe os dedos nos olhos. O pior é que eles ou caem, ou choram ou fazem ambas as coisas.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

De mim

para mim, por vezes tenho noção de que este blog, sendo público e aberto a todos, pode parecer oscilar entre o deprimente e o maçador. Para ser sincera, o objectivo é mais ou menos esse. Ou seja: quase só escrevo sobre o mesmo, assinalando exaustivamente todos os passos e pensamentos. Não quer dizer que goste dele. Ou que eu seja só isto que escrevo. Muito pelo contrário. Sei aquilo que procurei quando o autismo me atropelou em plena passadeira. Queria ler algo banal, pessoas cheias de lágrimas, revoltas e questões. Pessoas que, dia após dia, foram crescendo e aprendendo. Apetecia-me fazer textos diários, banais, chatos. Meus. De quem os ler e de quem com eles se identificar.

Eles

Os dias correm felizes e cansativos. De tanto espalhafato colocado nos treinos do meu filho, com saltos, palmas e acrobacias, "ohhhh" e "ahh", o miúdo agora quer mostrar-nos tudo e se não lhe damos atenção fica muito sentido. Aponta para tudo, quer que a gente reaja às suas descobertas e aos seus vocábulos. O floor time tem feito maravilhas por ele. Um floor time casual, sem regras, sobretudo pelo trabalho aturado do meu marido, que transforma a suposta "intervenção" em puro lazer. Ele sabe brincar muito melhor do que eu. Os resultados têm sido surpreendentes. Para além de já fazer entender as suas necessidades, a partilha de prazer é, para nós, um sinal muito positivo. Responde com "xim" ou "quéio", algo que não fazia há bem pouco tempo atrás. Obviamente, isto implicou algo de muito valioso: nunca o achar incapaz para tal. Insistir e acreditar. Não deixar de fazer só porque acreditamos que ele nunca chegará lá. O pai maça-o muito. Obriga-o a comunicar-se. Aqui entra o tal jogo obstrutivo que eu deixo para ele, pois sou incapaz de aguentar o choro dele.

A nível oral, não lhe falta saber muito mais. Pouco lhe escapa. Sabe mais palavras que a Amália. A ver televisão, está sempre "é o sol", "é a lua", "é o menino", "é a menina", blá, blá, blá. Tem um sentido de humor fabuloso e, verdade seja dita, divertimo-nos imenso juntos. Está numa fase muito gira. Muito companheiro do pai, enquanto eu me dedico um pouco mais à bebé. É muito ternurento e adora que o mimem. Continua a rir-se quando nos vê a fingir tristeza, mas dá imensos beijos se o pai se estende no chão a fazer-se de desmaiado. Como sempre, há falhas. E estas têm a ver com a ausência de respostas a perguntas mais elaboradas: "Está frio não está?", "O que comeste hoje?", "O que fizeste?". Nada... Não há respostas. Simplesmente, ignora as questões. Também se zanga imenso quando é contrariado e pouco lhe importam as explicações. Assim como assim, a julgar pelas diferenças abissais desde uns meses a esta parte, vou continuar a acreditar que ele chegará lá. E se não chegar, paciência. Com a irmã, foi uma agradável surpresa. Tem gostado mais e mais dela e já se habituou à sua presença. Estou em crer que serão grandes amigos. Estamos numa boa fase e há que aproveitá-la. Não faltarão vales nesta paisagem.