segunda-feira, 14 de julho de 2008

Não vou mentir

Estou muito mais sossegada. Estou feliz. Só tenho a gozar esta felicidade, sem pensar muito no futuro. Ou melhor, pensando no futuro, mas não vivendo em função do amanhã. Estou sossegada muito mais pelo que vejo do que pelo teor do segundo diagnóstico feito ao meu filho. Ao nível da linguagem, fora algumas atrapalhações, está óptimo. Já diz os "L" e os "R" entre palavras e começa a conversar como gente grande, um menino vivaço e tagarela, que adora histórias, cantorias e palhaçadas. Inventa músicas e agora anda numa de "espancamentos" entre bonecos, com "socos" para aqui e lambadas para acolá. Faz rampas para os carrinhos escorregarem e cuida dos bonecos como eu cuido da mana. Com um cuidado tremendo a deitá-los, a afagá-los ou fingir o beijinho de boa noite.

Se em casa, oscila entre os beijos espontâneos à mana e a relativa indiferença, na escola que ambos frequentam, preocupa-se com ela, quer saber para onde vai e sempre que me venho embora, faz questão de me lembrar "Leva a mana!!", Como se eu fosse esquecer-me. LOLL. No desenho, apesar de segurar as canetas e lápis de cor ainda de uma forma bem rudimentar, já pinta dentro das linhas e já põe braços e pernas aos bonecos. Gosta que o pai desenhe as cabeças para ele desenhar os sentimentos. "A rir"!, a "chorar" e por aí em diante.

Já acusa quem lhe bate e quem o chateia e é capaz de levar recados na perfeição. Vai buscar os biberons da mana e pôr as fraldas no lixo. No desfralde, só houve dois descuidos desde que começámos. Vai buscar o pote ou pede-o, faz o seu chichi e vem mostrá-lo todo orgulhoso. Ontem, não bastou mostrá-lo ao pai, quis que eu visse também para lhe dar o beijo da "praxe". Sabe que é importante para nós e aprecia a leveza de umas cuecas, nestes dias de calor. Ao sábado, mal sai de casa, começa logo a pedir para ir ao café e ao parque. Começam a abundar as perguntas curiosas "Que é isto", Que é aquilo?" e tem perfeita noção quando um de nós se ausenta, procurando de todas as formas saber onde está a mãe, o pai, a tia.

Na conversação propriamente dita, está substancialmente melhor. "Vens, mamã?", "Ajudas-me?", "Olha para mim!". Conta pequenas coisas, sem grande floreado mas ansiando por uma resposta. Na interacção, tenho estado muito atenta. Embora às vezes seja abrutalhado, entabula conversas com os meninos no parque e quer brincar com eles. Mais do que quere, consegue. "Olha o papá daquele menino!"."Menino, menino, onde está o menino?", dizia, ontem, enquanto esperava que o parceiro de brincadeiras se aproximasse para uma nova descida no escorrega. É curioso e atento e se alguma vez não prendeu o olhar por tempo suficiente, essa realidade está longe da actual.

As principais preocupações continuam a ser a comida. Sei que há muitos miúdos assim, mas não percebo os seus critérios de selecção. Não diz não a qualquer guloseima que seja, se lha oferecerem, mas na comida propriamente dita reluta sequer em tocar-lhe. É capaz de descascar e comer sozinho um amendoim e não querer tocar numa banana descascada. Tem de comer a fruta de boião e essa não a recusa. Nem a sopa que come religiosamente desde que começou a diversificação alimentar, aos seis meses. Mas não enjoa, credo? Sei que não lhe faltam as proteínas e as vitaminas, pela quantidade de legumes, leguminosas, massa, mas não sairá a mamã e ao papá, bons garfos?