segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

De mim

para mim, por vezes tenho noção de que este blog, sendo público e aberto a todos, pode parecer oscilar entre o deprimente e o maçador. Para ser sincera, o objectivo é mais ou menos esse. Ou seja: quase só escrevo sobre o mesmo, assinalando exaustivamente todos os passos e pensamentos. Não quer dizer que goste dele. Ou que eu seja só isto que escrevo. Muito pelo contrário. Sei aquilo que procurei quando o autismo me atropelou em plena passadeira. Queria ler algo banal, pessoas cheias de lágrimas, revoltas e questões. Pessoas que, dia após dia, foram crescendo e aprendendo. Apetecia-me fazer textos diários, banais, chatos. Meus. De quem os ler e de quem com eles se identificar.

14 comentários:

Anônimo disse...

Querida ISA,
Em primeiro lugar desejo-lhe as maiores felicidades neste novo caminho pela maternidade, o que, pelo que tem relatado, parece estar a correr muito bem... que bom!
Em segundo lugar, este seu cantinho, é optimo! Nele me revejo em muitas das situações relatadas, os estados de alma (ora em cima, ora em baixo), as angustias, as esperanças, enfim, sobre os "nossos dias". Desta forma, acredito mesmo que nos vamos todos ajudando: você dando "corpo" às vivências diáris, nós lendo, revendo-nos, dando uma mãozinha aqui e ali quando a vemos mais em baixo e, dando-nos você a dita mãozinha, com alguns post verdadeiramento deliciosos e bem humorados. Assim, pela minha parte, enquanto poder e desejar, continue, é um verdadeiro prazer poder lê-la,é uma ajuda, uma partilha. Só lhe posso dizer, obrigada por se "partilhar" connosco.
Um beijinho
Maria Anjos

. disse...

Olá Maria Anjos. Ainda bem que gosta e vem cá. Gostava realmente que quem aqui vem, se mostrasse mais. A partilha é fulcral para que não nos isolemos em ilhas. Beijinhos e volte sempre. Isa

Anônimo disse...

Olá Isa,

afinal o autismo está na sua vida, mas não significa que não fale de outras coisas. Eu faço-o, somos cidadãos livres. É claro que as coisas positivas dão algum alento ao blog. Mas sabe bem que tem um blog positivo. Que revela uma "problemática", ou melhor, um estado de espírito que poucos entendem e consegue lidar com a situação.

Concordo consigo quando diz que devemos partilhar mais. A partilha é fundamental.A troca de experiências.

Passe pelo Aromas de Portugal e comente, troque opiniões.

Força e continue

abraço amigo

. disse...

Olá Mário! Será uma honra. Já leio o seu blog há algum tempo. Quanto ao escrever sobre outros temas, concordo em pleno. Mas o que é facto é que tenho mais dois blogs e não sinto essa necessidade. Por isso, para mim faz todo o sentido que assim seja, para os outros não sei, talvez seja de facto cansativo. Cumprimentos. Isa.

Mrs_Noris disse...

Isa,
Nesta minha caminhada pelos atalhos do autismo, revolta é algo que ainda não senti. As questões foram e são ainda muitas, já as lágrimas não! Apesar dos lamentos, da luta constante, do desgaste e das inquietações, acima de tudo olho para o meu filho como uma benção.
Isolada em ilha já eu estou, literalmente falando, por isso me junto a esta partilha. Na verdade custa-me abrir um blogue e sair sem deixar opinião ou comentário. Embora às vezes o faça, é um pouco como ir à casa de alguém e sair sem se despedir :)
Um beijo.

. disse...

Noris, que bom que nunca sentiste revolta. Bom mesmo. Mas os seres humanos são mosaicos de vivências, são incomparáveis, nas alegrias e tristezas. Criei este terceiro blog precisamente para expor o meu lado lunar. Lol. O que escrevi neste post não foi dirigido a ninguém em particular. Foi apenas uma espécie de justificação/explicação sobre o teor do mesmo

. disse...

Continuação: É um relato de um processo vivido nas suas etapas. A nu. Sem auto-controle. É uma catarse até à plena aceitação. Não percebi a parte da benção. Com revolta ou sem ela, todos olhamos para os filhos como bençãos, acho eu. Uma coisa não invalida a outra. Não queria outro filho, nem feito de ouro. Quanto ao seu último parágrafo, julgo-nos muito diferentes. Só comento os blogs de que gosto. E gosto muito do teu. Porquê? Porque é um blog generalista que fala sobre tudo, PEAS incluídas. Este não. Este é um divã. Lol. Para a minha parte mais normal (?), tenho outros dois blogs. Aliás, sou uma consumidora voraz de blogs há vários anos. Um beijo. Isa

Anônimo disse...

Olá!!!!

Ainda bem que tudo corre bem. Quanto à falta de respostas por parte do principe vai ser sem dúvida uma questão de tempo.
Qto ao blog gosto muito do que leio. É importante esta troca e partilha de ideias.

Beijinhos
Maguy

Mrs_Noris disse...

Às vezes tenho a sensação de ter o pensamento demasiado lógico-linear, e então algumas questões parecem-me confusas. Se calhar percebi mal a parte da revolta. O que eu quiz dizer foi que até hoje não senti revolta pelo facto do meu filho sofrer de uma PEA. Não consigo imaginar a minha vida sem ele, afinal uma PEA não é o fim do mundo (se calhar é só o início :)). Por outro lado, se olhamos para um filho com sentimento de revolta pelo facto de ele não ter as caracteristicas idealizadas como é que se pode tê-lo como uma benção?
Quanto aos blogues, antes de mais muito obrigada pela tua aprovação. É uma alegria saber que gostas de ir ao meu cantinho. Ali as visitas, com ou sem comentários, são contadas como beijos. Mas há três coisas sobre as quais não escrevo: trabalho, futebol e política. É contra a minha religião fazê-lo. Mas Isa, deixaste-me curiosa sobre a tua “parte mais normal”. E agora? ;)
Um beijo.

. disse...

Noris, pode-se sentir revolta pela previsão de um percurso com sofrimento para eles. Tipo: o que fizeram para o merecer? Porquê a eles? Isto sem deixar de achar que são uma benção. Se me disseres que o facto de o teu filho ser assim é uma benção, isso já é outra coisa. Isso eu não sinto. Só de imaginar o que pode vir a ser magoado... Quem sabe um dia. Quem sabe? Quanto ao meu lado mais normal, dp falamos. Lol. Um beijo. Isa

Mrs_Noris disse...

Isa,

Entendi agora. Parece que baralhei completamente os sentimentos. De qualquer forma acho que instintivamente tenho fugido ao sentimento de revolta associado à PEA. Sei lá, olho à volta e vejo tanta coisa bem mais grave, tanta miséria, tanta criança que sofre tanto e injustamente... Mas Isa, não foi, de todo, minha intenção comparar o amor daqueles que não choram com o dos não choram. Aqui não há discussão possível, uns choram mais, outros choram menos, ponto final. Apenas quis expressar aquilo que se passou comigo.
Em relação ao teu lado mais normal, passei de curiosa a curiosíssima. :)
Um beijinho.

. disse...

Noris, sua curiosa! Lol. Tb sou, por acaso. Quando te "apanhar" online hablamos. Quanto ao resto, também tenho noção de que há pior. Por isso, friso sempre que a PEA do meu filho não me faz infeliz. Dá-me apenas momentos pontuais de desânimo e revolta. No resto do tempo, é um menino que nos enche a vida de alegria. Beijos. Isa

Anônimo disse...

Querida Isa,
Fico feliz por saber que tudo corre sobre rodas e a felicidade mora aí!
Por aqui felizmente tb mas há dias em que a revolta, nem sei bem se esse é o sentimento, não pode deixar de emergir...Quando vos leio,mães de meninos ainda muito pequenos penso se vos espera ou não (espero que não!) esta sensação de impotência que actualmento me assola.O meu filho é aparentemente normal,bonito e inteligente mas no quotidiano revela-se completamente anormal...nos pequenos pormenores,na falta de interesse pelo que o rodeia,pelos rituais absurdos,na forma como come,como vê tv,como brinca,etc.
Confesso que às vezes já me apetece não dizer nada porque acho que ele nem entende.
Hoje recolheu todos os cartões dos jogos de gameboy num saquinho que pendurou ao pescoço e assim andou o dia todo...mas em vez de jogar gameboy viu tv e jogou no PC. Aliás, a incoerência é uma das suas melhores qualidades!
E aqui fica mais um estado de alma...
Um beijo!
mariamartin

. disse...

Mariamartim, podemos sempre ver isso pelo lado da imaginação. :D Se a Mariamartim espreitasse para as malas de muitas senhoras, decerte veria "coleccões" piores! Eheheh. Quanto aos nossos pequenos filhos, também não sei nada. Tenho muitos dias, em muitos momentos, que o vejo apenas como uma criança que demora mais a chegar lá. Aos poucos vence em todos os testes estúpidos que lhe fazemos para aferir da gravidade da sua Pea. Ou da ligeireza da Pea, visto que sabemos que é leve. A parte de reconhecer emoções nos outros é um deles. Ele tem noção perfeita das regras, que tem de vestir-se ou calçar-se para ir para a rua. No vocabulário, frases e comunicação está em franca evolução para algo parecido com a média. Por isso quis criar este blog. O que é mau hoje é melhor amanhã. Aqui tem sido. Se o visse há cinco meses!! Não há comparação. Depois há o reverso, as infantilidades exageradas como apanhar migalhas do chão para comer ou meter pedras na boca...algo que já não se justifica na idade dele. Um beijinho. Isa