quarta-feira, 18 de junho de 2008

O sorriso dela

Não sei se é uma forma de defesa contra as incertezas do mundo, mas não acredito em coincidências. Posso até ser louca, mas sempre dei valor aos sinais. Sinais. Recados do universo. Posso inventá-los, mas vejo-os e deixo-me embrenhar neles. Para ter menos medo, para arranjar alguma coerência para este mundo de símbolos incompreensíveis, ídolos mortos e imprevisibilidades quanto ao fim que nos espera. Hoje, no restaurante de sempre, estava um casal de idosos com o filho, que teria, decerto, cinquenta e tal anos ou por aí. O ar pouco firme, desajeitado, o olhar vago e uma cabeça tombada sobre o prato até este ficar totalmente imaculado. Depois começaram os monólogos com o prato. Arrumar os grãos de arroz caídos na mesa, pôr as colheres usadas dentro das chávenas de café. Ordem. Olhei-os distraídamente e pensei como seria ter um filho daquela idade a morar connosco. Não me angustiou muito porque não reflecti sobre isso, desviei os pensamentos para a minha própria refeição. Todos se levantam para ir embora e o olhar da senhora cruza-se com o meu. Involuntariamente, sorri-lhe. E ela devolveu o sorriso. Palavra de honra, o que eu vi, por segundos, foi uma mulher que parecia 20 anos mais jovem, de olhos profundamente verdes e joviais, num sorriso com covinhas nas bochechas. Não sei se será uma mulher feliz, mas naquele momento pareceu-me. É isso o que mais importa, afinal.

3 comentários:

Mel disse...

Isa, tens uma sensibilidade tão doce...Já conseguiste tornar o meu dia mais bonito! Continua assim e partilha connosco esses momentos lindos. Um grande beijinho.
Maria Anjos

Evaluna disse...

Foi um lindo sinal :)))))))))))))

Mrs_Noris disse...

O poder do sorriso... :)
Bonita visão, Isa.
Bj.