quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Muito havia a dizer

e muito a actualizar, mas, por hoje, apetece-me só registar um pequeno momento passado por ocasião da segunda visita ao Centro de Desenvolvimento.

No parque de brincadeiras, aparece um menino grande, sorridente, de olhar algo vago. Não sei o que há de diferente nele. Brilham-lhe os olhos, mas ele parece mais do que um menino grande banal. Não tem aquela curiosidade profunda no olhar que vê quem olha de fora. Na altura, não o mirei demasiado. Sorri-lhe só. Mas agora, sempre que o recordo, fixo-me no sorriso de olhos verdes estranhamente nítido. Como se, naquele corpo grande de menino de 12 anos, o que sobressaísse fossem os pormenores. O ar de quem está, mas não está. Aquele olhar típico de quem vê algo que eu não estou a ver. Não sei se era autista. Se era muito ou pouco autista. Sei que havia nele qualquer coisa. Podia ser só timidez. O meu filho estende-lhe os braços. Ele pega nele ao colo. O que eu vejo, de facto, são dois meninos a sorrirem um para o outro e a olharem-se olhos nos olhos, felizes. Dois seres que comunicaram.

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