segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Catarse (V)

Mais um desabafo. Ou isso ou rebento. A cada minuto deste processo, vou pensando, reflectindo. Nada nesta vida nos garante que seremos perfeitos, integrados, cativantes e bem sucedidos. De facto, a maioria não o é. Há muita gente feia, por dentro e por fora. Talvez seja mesmo sorte se o filho que me foi oferecido, e que nunca deixei de agradecer, estiver despido de certas maldades que se escondem atrás de sorrisos brilhantes e fatos com lantejoulas. Todas, ou quase todas as almas, têm as suas dores, os segredos e os obscuros. Algumas têm verdadeiros fantasmas terríficos. Nunca saberemos o que carcome e atrofia um cérebro clinicamente perfeito. Haverá, aliás, um cérebro cuja normalidade nos dê garantes de alguma coisa? Não creio. Talvez o mundo esteja afinal pejado de autistas. Talvez o mundo esteja pejado de esquizóides, o que é ainda pior. Então porque choro eu? Porquê? Não há quem, rei da evolução linear, venha a ser o pior dos filhos? Então porque choro eu? As únicas lágrimas que devo verter são pelo medo dos retrocessos. Porque isso o meu menino não merece. Nossa Senhora de Fátima está comigo na caminhada. Connosco. Amen.

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