quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Crueldade

Ontem, nada relacionado com o tema que actualmente ocupa a minha mente e o meu leito, contavam-me o seguinte, a propósito de um caso passado no nosso círculo de conhecimentos: Um jantar de amigos de longa data. O tema versou sobre os filhos. O pai fala do filho mais velho, louva-lhe a simplicidade, as qualidades humanas de lutador e o jeito de ser muito mais simples do que o irmão mais novo, um pouco mais complicado dos nervos e problemático. Esta semana, o filho mais velho enforcou-se. Irónico, mas revelador.

Inevitavelmente, o meu coração (nada) embrutecido compadeceu-se com uma dor assim. Do pai, da restante família, do próprio jovem. Não deixo de pensar que isto da mente humana é muito pouco linear. De uns e de outros. De pais e filhos. Quem tem, afinal, certezas de alguma coisa? A normalidade não existirá só aos nossos olhos?

2 comentários:

Anônimo disse...

Cara amiga,
O seu post relata mais umas das incoerências do destino de que a nossa vida está repleta.Pois é,que dizer das nossas expectativas?Os nossos filhos "anormais" em termos relativos são provavelmente mais felizes do que os "normais", actualmente carregados de pressões de toda a espécie.Os nossos poderão nunca vir a ser totalmente autónomos mas provavelmente não terão tendência para chegar a casa de tatuagens horrendas ou vir a consumir drogas...Pelo que me é dado a conhecer, não terão tendências suicidas.Eu já perdi um filho num acidente de viação e esta semana em que era suposto ele fazer 18 anos dei por mim (como todos os anos destes últimos 10 anos) a pensar como seria hoje.Era normal, brincalhão,malandro,pouco inteligente,meigo e ternurento.Será que seria "um bom menino"? Um rebelde insuportável?Um toxicodependente?Um tarado sexual?Um sociopata?
E depois penso: este menino que tenho hoje não me beija,não me abraça,nunca disse "mãe,tás tão gira!"mas também não se envolve em brigas na escola,é muito educado com os professores,porta-se bem em sociedade,enfim,disfarça muito bem ter qualquer problema.Por isso,a minha atitude tem sido "a ver vamos", um dia atrás do outro,tudo é possível ultrapassar,excepto a morte.Vá escrevendo,sublime o seu sofrimento.Vai ver que vai melhorar e sair desse turbilhão de dúvidas e emoções.Um beijinho!

. disse...

Maria Martim, só a posso admirar. Um beijinho e não deixe de vir cá.