Todos somos autistas, a gradação está nos rótulos
Por Fábio Adiron
-Quando me recuso a ter um autista em minha classe, em minha escola, alegando não estar preparado para isso, estou sendo resistente à mudança de rotina.
-Quando digo a meu aluno que responda a minha pergunta como quero e no tempo que determino, estou sendo agressivo.
-Quando espero que outra pessoa de minha equipe de trabalho faça uma tarefa que pode ser feita por mim, estou a usando como ferramenta.
-Quando, numa conversa, me desligo, "viajo", estou olhando em foco desviante, estou tendo audição seletiva.
-Quando preciso desenvolver qualquer atividade da qual não sei exatamente o que esperam ou como fazer, posso me mostrar inquieto, ansioso e até hiperativo.
-Quando fico sacudindo meu pé, enrolando meu cabelo com o dedo, mordendo a caneta ou coisa parecida, estou tendo movimentos estereotipados.
-Quando me recuso a participar de eventos, a dividir minhas experiências, a compartilhar conhecimentos, estou tendo atitudes isoladas e distantes.
-Quando nos momentos de raiva e frustração, soco o travesseiro, jogo objetos na parede ou quebro meus bibelôs, estou sendo agressivo e destrutivo.
-Quando atravesso a rua fora da faixa de pedestres, me excedo em comidas e bebidas, corro atrás de ladrões, estou demonstrando não ter medo de perigos reais.
-Quando evito abraçar conhecidos, apertar a mão de desconhecidos, acariciar pessoas queridas, estou tendo comportamento indiferente.
-Quando dirijo com os vidros fechados e canto alto, exibo meus tiques nervosos, rio ao ver alguém cair, estou tendo risos e movimentos não apropriados.
Somos todos autistas. Uns mais, outros menos. O que difere é que em uns (os não rotulados), sobram malícia, jogo de cintura, hipocrisias e em outros (os rotulados) sobram autenticidade, ingenuidade e vontade de permanecer assim.
http://topicosemautismoeinclusao.blogspot.com/
quinta-feira, 8 de novembro de 2007
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3 comentários:
Concordo com tudo, menos com o último parágrafo.
A autenticidade e a ingenuidade encontra-se em muita gente, autista ou não.
Na minha opinião a grande diferença é se estas características, que todos temos, nos dificultam ou impedem uma vida em sociedade com razoável equilíbrio entre o dar e o receber.
Ou, como me disse uma pediatra do Hospital Pediátrico de Coimbra, se conseguimos "funcionar", ou não, em sociedade.
Maria, sem dúvida. :) Mas aquilo que o autor quis dizer, percebe-se bem, mesmo com o devido exagero. Há imensa, imensa, imensa gente que não funciona em sociedade, mesmo que clinicamente nada exista para lhes apontar. Afinal, a mente é muito mais do que sinapses, circuitos e ligações. Aliás, a maior parte dos psicologicamente doentes também nada têm que seja fisicamente mensurável.
Um beijinho
Sou como Tu
oh para mim TANTAS vezes assim!
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