domingo, 27 de abril de 2008

Agora

é muito fácil dar por eles. Aquele ar de quem não está cá. Os movimentos rígidos, automatizados. O olhar que se fixa em coisa nenhuma, como se a ver algo que mais ninguém vê. Nunca foi tão fácil identificá-los, apreciá-los no seu mutismo selectivo, na sua aparência etérea. São como um sopro. Um quase. São a presença que ninguém chega a sentir.

3 comentários:

Mina disse...

Boa noite
A Isa, está muito atenta, e reconhece muitos dos sinais...
Todos deviamos ter esse olhar, não do coitadinho, mas de olhar-mos o nosso semelhante, e tentar perceber o que nos rodeia.
Mas andamos muitas vezes distraídos nas nossas "vidinhas", que ás vezes nem reconhecemos o vizinho do lado.
Será a factura dos tempos modernos?
Dá que pensar!...
bjocas

. disse...

Mina, tem toda a razão. Reparei num rapaz autista (clássico) numa fila de supermercado. No meu íntimo fiquei a torcer para que a mãe lhe tenha dado/esteja a dar o seu melhor, pois parecia de origens muito humildes e voz autoritária, a fazer lembrar histórias de famílias que não compreendem nunca o atraso dos seus meninos. No entanto, era um miúdo limpinho, bonito e vestido à moda. Talvez me tenha precipitado nas minhas conclusões, ainda bem. Sim, reparo neles. Mas também sempre fui das que mete conversa onde quer que esteja para quebrar a impessoalidade que vai tomando conta de nós. Isa

Mrs_Noris disse...

Isa,
Sem dúvida! Esses meninos agora não passam despercebidos aos meus olhos. Costumo encontar num dos nossos Centros Comerciais um menino, 7 ou 8 anos, que com toda a certeza é autista clássico. Anda sempre atrás da mãe agarrado à sua cintura com um andar descompassado. Curiosamente a mãe do menino também me pareceu demasiado autoritária e além disso, apressada. Há situações em que é difícil "meter conversa", por mais que nos apeteça. Pode ser que um dia os encontre num parque ou piscina, por exemplo. Aí será mais fácil. Beijinhos.